terça-feira, 3 de julho de 2012

O retrato.

Fernanda e Souza




Sinto tudo e nada,
afinal, que graça tem
quando se perde alguém?

Manchas de um passado
marcam o retrato.

Doce,
fina,
triste,
seca,
sintonia.
Perdida.

Ando em círculos
quadrados:
em sentidos.

Que sinto
quando amo
mais do que o amor
mais do que a mim?
Quando amo 
mais
sentir
a dor?

Queima, 
arde,
fere;
e difere:
nós dos outros bichos.

Amasso a foto:
Lixo!

domingo, 1 de julho de 2012

Dá Graça.

Fernanda e Souza




O que dirá das manhãs, quando acorda?
E das noites quando chegam?

E do meu olhar, 
que te devora,
cheio de loucura
e medo?

O que fará de nossos dias?
Esconderá toda essa empatia?
Guardará nossos segredos?

O que pensará dos desatinos,
desse meu entoado hino
de desencontro
e mais profundo zelo?

Seja o que for,
faça o que faça...
Por favor,
Só não perca a graça!

Pre-Sinto Muito

Fernanda Rodrigues e Souza




Para o meu pai.


Sinto que seus dias estão desperdiçados
em ações de faca de dois gumes,
cortantes da alma e esperança.

Quando eu era criança,
você não era assim...

Queria poder encontrar
aí dentro de você
um pedacinho
que eu ainda reconhecesse.

Mas você hoje é estranho
num ninho
sem carinho,
admiração
ou amor.

O calor dos abraços,
traduzidos em lágrimas
e lembranças
ficam guardados 
para quando voltar a si.

Duvido que um dia retorne,
não é que eu me conforme
em sofrer assim.

Desfaço as minhas tranças, 
já não somos mais crianças
e sabemos o que é certo.

No mais, 
somos gente da boa,
que ao amar
ainda perdoa
e esperamos
dessa vida à toa
um novo abraço de pai, sim!