domingo, 1 de julho de 2012

Pre-Sinto Muito

Fernanda Rodrigues e Souza




Para o meu pai.


Sinto que seus dias estão desperdiçados
em ações de faca de dois gumes,
cortantes da alma e esperança.

Quando eu era criança,
você não era assim...

Queria poder encontrar
aí dentro de você
um pedacinho
que eu ainda reconhecesse.

Mas você hoje é estranho
num ninho
sem carinho,
admiração
ou amor.

O calor dos abraços,
traduzidos em lágrimas
e lembranças
ficam guardados 
para quando voltar a si.

Duvido que um dia retorne,
não é que eu me conforme
em sofrer assim.

Desfaço as minhas tranças, 
já não somos mais crianças
e sabemos o que é certo.

No mais, 
somos gente da boa,
que ao amar
ainda perdoa
e esperamos
dessa vida à toa
um novo abraço de pai, sim!

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